É ciência? - Artigo 2 (síntese)
A Doutrina Sagrada é ciência
Demonstração.
Existem dois tipos de ciências: primeiramente existem as ciências que deduzem suas conclusões, a partir de princípios evidentes .
Anexo da demonstração:" Princípios evidentes aristotélicos são os que sustentam a multiplicidade de significados do ser, sem o qual, as varias maneiras de dizer sobre o ser não poderia existir. Esta unidade, Aristóteles chama de substancia. A substancia é como o sustentáculos da maneiras de dizer o ser, pois a substancia não se predica de nada. .....em outro sentido, o filosofo concebe a substancia como algo determinado, essencial e formal......ou seja, é a coisa quando tomada por si mesma." Carlos Eduardo da Silva Rocha, orientação Barbara Botter, www.puc-rio.br
Outras ciências deduzem suas conclusões, a partir de princípios evidentes pela luz de uma outra ciência superior: perspectiva-geometria; musica-matemática; doutrina sagrada-ciência de Deus. (subalternação aristotélica).
Anexo da demonstração: "Tomas define as ciências intermediarias como ciências que aplicam os princípios abstratos das ciências puramente matemáticas as coisas materiais ou sensíveis.
Sagrada Escritura e não teologia é a empresa humana e racional de entendimento da fé, a construção racional do dado revelado.O corpo do artigo 2 não responde diretamente a pergunta se a sagrada doutrina é ciência, mas sim como ela é ciência.A resposta ao segundo argumento procura esclarecer qual o papel dos singulares transmitidos na sagrada doutrina: são aí transmitidos não por quê se trata principalmente deles, mas são aí introduzidos, tanto como exemplos de vida, como nas ciências morais, quanto também para notificar a autoridade dos homens pelos quais a revelação divina estende-se até nós, sobre a qual está fundada a sagrada Escritura ou doutrina.
. O texto deste artigo surpreende pela sua limpidez e simplicidade. Talvez Sto. Tomás não suspeitasse das acirradas discussões que ele provocaria, seja no que se refere ao entendimento da sagrada doutrina seja pelo que diz respeito à própria proposta de entendê-la como subalternada à ciência divina e dos bem- aventurados, à imagem das ciências intermediárias (ótica, música) subalternadas à matemática pura (geometria, aritmética). De todo modo, trata-se de uma transferência analógica, quer dizer, o caso da sagrada doutrina é radicalmente diferente dos demais, guardando com eles alguma referência.
. No caso da sagrada doutrina não é possível no presente estado de vida adquirir evidência dos artigos de fé (os princípios evidentes na ciência superior). Isto acarreta que a sagrada doutrina é uma ciência num estado precário por causa desta inevidência dos princípios, insanável no presente estado, embora ela aspire por isso. Guarda ela, no entanto, o caráter de ciência como conhecimento das conclusões enquanto decorrentes dos princípios e não destes como proposições independentes. Por outro lado, no caso da sagrada doutrina, o seu sujeito não acrescenta uma condição extrínseca ao sujeito da ciência divina ou dos bem- aventurados. Seu sujeito é Deus, o mesmo sujeito da ciência divina e da ciência dos bem-aventurados. O que varia é o modo de conhecer, sendo Deus idêntico ao seu conhecimento, tendo os bem-aventurados uma evidência participada da onisciência divina e os humanos no presente estado de vida crendo nos artigos de fé, inevidentes para eles. O elemento presente nas ciências intermediárias que se encontra transferido para a sagrada doutrina é a recepção dos princípios de uma ciência superior. De todo modo foi esse interesse explicitamente teológico que teria levado Tomás de Aquino a se debruçar sobre as ciências intermediárias.
TOMÁS DE AQUINO E AS CIÊNCIAS INTERMEDIÁRIAS . Carlos Artur R. Do Nascimento Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Texto originalmente editado na página pessoal do autor. Agradecemos ao Dr. Carlos Arthur pela autorização de sua publicação em aquinate.net.